domingo, março 20, 2005

Rol de namorados

Eu estava há muito tempo atrás de um certo livro. Não conseguia lembrar nem o nome da autora, só sabia mesmo o título. Depois de duas ou três tentativas frustradas, achei um no fundo de uma estante de uma livraria de um aeroporto. Mas enquanto eu esperava na fila do caixa, pensei que poderia estar me precipitando. Eu tinha que gastar pelo menos mais 10 minutos para ver se o tal livro realmente valia.

Capítulo 1: "Estou acostumada a organizar as lembranças da minha vida em torno de um rol de namorados e de livros. Os diversos relacionamentos que tive e as obras que publiquei são as referências que marcam minha memória, transformando o ruído informe do tempo em uma coisa ordenada."

Ok, menos de um minuto foi necessário. Eu também sou capaz de organizar minhas memórias através de namorados. "O ano em que isso aconteceu era 1997 porque eu namorava fulano" ou "aquilo outro foi em 99 porque eu estava ficando com beltrano". Isso é recorrente.

Mas isso tudo me levou a uma outra conclusão. Meu gosto musical também está diretamente ligado aos meus relacionamentos. Cada um trouxe uma novidade para o meu cardápio musical. E, por isso, eu sei exatamente quando algumas das minhas preferências musicais passaram a existir.

Por exemplo, "Men at Work" fez parte de uma fase 1995. No ano de 2001, surgiram "REM" e "George Harrison". Em 2002, "U2" e "Dave Matthews Band". E por aí vai. Mas eu sei que nunca consegui engolir "Pink Floyd", apesar desses caras terem tentado entrar umas três vezes na minha vida. A primeira vez em que eles apareceram foi uma época tão ruim que eu acho que sou incapaz de digerir pérolas como "Dark Side of the Moon". Aliás, eu nem sei se é "Dark Side of the Moon" ou "The Dark Side of the Moon". Uma pena.