segunda-feira, dezembro 26, 2005

Sobre o choro

Sabe quando alguém pisa no seu pé e você chora? E chora preto porque o rímel não foi seu amigo e resolveu ceder na hora em que você mais precisava ser discreta? Dá até vontade de rir... Mas isso é normal. Não, não é normal chorar porque você levou uma pisada no pé. Normal é chorar porque a noite até então tinha sido uma desgraça e um pisão foi suficiente para desencadear o processo do choro.

Eu sempre tento dar uma disfarçada nesses momentos. Uma amiga me disse uma vez que eu fico linda até chorando. Mentira, ninguém fica lindo chorando. Mas eu consigo, em alguns casos, chorar sem sequer alterar a expressão do meu rosto. Daí eu olho para o lado, finjo que estou coçando os olhos - só para enxugar as lágrimas - e fica por isso mesmo. Bom, só não fica por isso mesmo quando você percebe que seus dedos estão pretos por causa do rímel.

Alguém acha, como eu, que chorar é uma das atividades mais esquisitas do ser humano? É muito estranho que um sentimento ou uma sensação (e apenas um sentimento ou uma sensação) possam causar uma alteração física tão visível. Qual é a relação que se estabelece entre a tristeza e um olho cheio d´água? Sei não.

Eu nunca li nada científico a respeito do choro, mas uma vez me surpreendi com uma dessas afirmações mais sonhadoras sobre o assunto. Não era nada de “chorar lava a alma” ou “chorar faz bem para a pele”. Acho que foi num livro do Roland Barthes, em que ele dizia que a gente chora quando um sentimento não cabe mais no nosso corpo. Às vezes falta espaço para tamanha alegria ou determinada tristeza. E aí elas transbordam em forma de lágrima. Não sei por que, mas isso costuma me confortar quando eu choro. Principalmente quando eu choro preto.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Gangorras e afins

Eu nunca consegui acreditar que duas pessoas pudessem se amar com a mesma intensidade em um mesmo relacionamento. Tem sempre alguém que gosta mais, não tem jeito. A situação até se inverte em certos momentos e quem gostava menos pode passar a gostar mais. O desequilíbrio, no entanto, sempre existe.

Talvez por isso eu seja aquela louca que se põe a analisar casais, principalmente os que eu conheço há pouco tempo, medindo a quantidade de coisas legais que um fala para o outro na minha frente, quantas vezes eles aparecem sozinhos em programas em que eu estou e quem gruda mais em quem. Eu sou um horror...

Andei pensando nesse assunto porque resolvi jogar fora algumas das 568 revistas encalhadas da minha estante e abri uma Caras, que tinha como capa o casamento da Eliana, aquela apresentadora. Antes que me joguem pedra por eu comprar Caras, deixo claro que muitas delas vêm da casa da minha irmã. Mas eu adoro. Enfim, o que me chamou mais atenção na entrevista dela e do "recém-marido" foram algumas das respostas. Notem bem:

Agora, quais são as suas expectativas?

Eliana: Já nos conhecemos há nove anos, namoramos há um e moramos juntos há seis meses. Além de muito amor, nossa relação é baseada no companheirismo e na amizade, o que é muito importante. A cada dia tenho a certeza de que Du é o homem ideal para mim, gosta das mesmas coisas como eu, é extremamente organizado, delicado. Está sendo muito bacana.


Eduardo: Vai ficar mais incrível ainda. A Li é a mulher da minha vida!


Agora me diz. Quem gosta mais de quem? Ela dá uma enorme enrolada falando de datas para depois dizer que o cara é “organizado” e que “está sendo muito bacana”. Já ele, não precisa nem pensar duas vezes e manda logo na lata: “a Li é a mulher da minha vida”.

Essa foi fácil. Difícil mesmo é quando a relação que você se propõe a analisar é a sua. Recomendo não ficar pensando nisso por muito tempo. Você começa a sonhar com gangorras, montanhas-russas e por aí vai. Tudo no melhor estilo altos e baixos.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

"If God had a name, what would it be"

Eu costumo não acreditar em Deus. Digo isso para as pessoas e as reações são as mais variadas. Vão desde “você está se afastando muito da religião” (minha mãe) até “é impossível não acreditar em Deus” (meu namorado). Mas é sério, se eu acreditasse em Deus, acho que teria que acreditar também em vida após a morte – e eu também não acredito em vida após a morte.

O engraçado é que me peguei outro dia toda emocionada porque consegui ver um episódio de “Joan of Arcadia” desde o comecinho. Para quem não sabe, sou viciada em televisão, sou louca pelas séries da Sony e descobri que adoro “Joan of Arcadia”. É sobre uma menina de 16 anos que conversa com Deus. E ele aparece para ela nas mais variadas formas: pode ser um cara lindo que ela dá em cima ou uma velha rabugenta do refeitório da escola.

Acho que a melhor sacada de quem produz essa série é a música da abertura. “One of Us”, da Joan Osborne, cujo refrão é assim:

What if God was one of us
Just a slob like one of us
Just a stranger on the bus
Trying to make his way home


Onde eu quero chegar com toda essa conversa? Sei lá, acho que a vida seria mais divertida se a gente não se importasse tanto em "acreditar em Deus" e tivesse a liberdade de imaginar a figura em lugares inusitados, por aí, disfarçado de menino-gatinho ou velha rabugenta. Mas tenho que confessar que outro dia me peguei rezando dentro de um avião em turbulência. Só me lembrem de não contar isso para minha mãe ou para o meu namorado porque aí eu seria taxada de incoerente.

A volta

Ficar presa em casa, esperando o homem que vai consertar o aquecedor, tem dessas coisas. Você senta no computador, olha o antigo blog e começa a brincar de mudar templates só para ver como fica. Daí descobre que gostaria de publicar antigos textos que foram apagados. E não demora muito e vc logo sente vontade de escrever outras coisas e publicá-las também.

Fica em casa esperando o homem do aquecedor para você ver o que te acontece.