segunda-feira, julho 09, 2007

Eu queria voltar

Eu descobri uma rádio. O nome é Atlântida FM e só pega depois que eu saio do Rebouças, em direção ao trabalho. Na Zona Sul, não pega de jeito nenhum. E mesmo quando pega, já quase perto do Centro, pega mal. Eu tenho que passar o dial devagarinho porque pelo automático o rádio não pára nela.

O grande lance é que essa rádio só toca sucessos dos anos 70 e 80. E todas as músicas que ela toca me fazem viajar para a minha infância. E ali, naquela situação mais adulta do mundo, a caminho do trabalho, eu tenho vontade de chorar. Não que o trabalho não seja bom, aliás, ele é ótimo. Mas a angústia de ter virado adulta não some jamais.

Talvez nem seja o fato de ter virado adulta propriamente. Talvez seja a clara noção de que tudo aquilo que eu vivi não volta mais. Nunca mais. Tenho horror a pessoas que acham que suas infâncias foram as melhores do mundo. E que repetem "as crianças de hoje não têm a sorte que eu tive" ou "ser criança no meu tempo é que era bom". Eu não acho nada disso.

Eu só acho que daria até um braço para voltar a ter a sensação de ter 9 anos e estar me preparando para a noitada da colônia de férias. Ou de já ter uns 15 e estar encontrando os amigos, em um primeiro dia de machané central.

Eu nem sou muito fã dele, mas umas frases do Rubem Alves se encaixariam aqui: "Os adultos querem andar para a frente. Progredir. Os poetas sabem que a alma não deseja ir para frente. A alma é movida pela saudade. A saudade não deseja ir para a frente. Ela deseja voltar".

Tudo bem, eu não sou poeta. Mas eu também sei que a minha alma queria voltar.