domingo, outubro 26, 2008

Sobre cheiros e defeitos

Depois de já ter morado com tantas pessoas diferentes na minha casa, descobri que o cheiro dessas pessoas também habita (ou habitava, já que quase todas foram embora) o apartamento. Só de passar por um armário que não é o meu, eu consigo sentir o cheiro da pessoa. E é engraçado como a gente perde a razão na hora de avaliar se ele é bom ou não. Se a gente gosta muito de alguém, o cheiro dessa pessoa se torna automaticamente bom.

Tenho uma amiga que diz que começou a se interessar pelo namorado por causa do perfume que ele usava. É a eterna discussão de quem nasceu antes, o ovo ou a galinha. Ela gosta dele por causa do seu cheiro ou gosta do cheiro porque é dele? Eu aposto na segunda opção.

Mas o que mais me intriga nesses devaneios é que sou incapaz de saber qual é o meu próprio cheiro. Acho que somos todos incapazes. Nem mesmo quando abro meu próprio armário tenho a real percepção. Talvez por isso eu relacione, com certa freqüência, os cheiros aos defeitos. A maioria das pessoas, acredito, não tem a real dimensão dos seus próprios defeitos. Mas tem a dimensão exata dos defeitos daqueles que estão próximos.

Às vezes eu consigo me dar conta dos meus defeitos. É como um daqueles momentos em que pego uma roupa minha, cheiro e consigo sentir alguma coisa. É raro e passa rápido. Quem sabe eu não seria uma pessoa melhor se me concentrasse mais em sentir o meu próprio cheiro? Depois de muito treino, eu poderia partir com sucesso para a lista dos meus defeitos.

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