domingo, fevereiro 05, 2006

Sacrifícios

Levanta a mão aí quem nunca teve que se submeter a uma série de sacrifícios para o relacionamento fluir. Sacrifício é uma palavra forte, eu sei, mas não encontrei outra. Talvez concessão. Eu penso muito nisso, principalmente quando sou eu que tenho que fazer concessões. Sempre chego à conclusão de que se você não está se sacrificando, a outra pessoa do relacionamento está.

Um exemplo bobo, mas real. O Cabaret Kalesa, da Praça Mauá, tem um telão com uma quantidade infinita de musicais. Eu sou viciada em televisão, filmes e por aí vai. Mais do que isso: sou fanática por musicais, com muita gente dançando e cantando ao mesmo tempo. O meu par não é nem um pouco. E quando me flagrou assistindo aos musicais, em vez de realmente dançando na pista com ele, jogou na minha cara: “você é mesmo uma viciada. Não consegue desgrudar da tela”.

Como assim? Eu só queria ver o Fred Astaire e a Judy Garland. Isso não é crime! Mas agora eu teria que passar a noite ignorando o telão. Se não o fizesse, o sacrificado seria ele, que teria que agüentar uma namorada fingindo dançar e fazendo comentários sobre “A star is born”.

O curioso é que o ser humano, depois de se submeter a determinado sacrifício em um relacionamento, tem sede de vingança. Ou melhor, quer que o amado se sacrifique também para ver como é bom. A minha resposta ao comentário que me impediu de prestar atenção ao telão foi acender um cigarro. E ele odeia com todas as forças que eu fume... Não tem jeito. Nenhum de nós está mesmo preparado para sair do jardim-de-infância.

3 comentários:

Anônimo disse...

Josy, obrigada pelo elogio no meu blogue :o)

Sobre "concessões", não aguentei, tenho que comentar. Acho que a coisa mais difícil, mais até que as concessões, é o tal de aceitar-o-outro-como-ele-é. Tipo seu namorado aceitar que vc é viciada em musicais e deixar isso para lá. Mas nós não somos adultos. Adulto para mim é com mais de 40 anos.

Hoje, por exemplo, o marido está na sala vendo um filme atrás do outro, em pleno domingo de sol. Já teve época em que eu ficava puta da vida com isso. Hoje deixei para lá, semana que vem vou xingar ele por isso.

É muito estranho, se eu fosse uma adulta madura, ia saber que isso é problema dele. Mas eu, assim como vc, também não saí do jardim de infância :o)

Unknown disse...

Josy, que prazer te ver por aqui... Gosto de blogs de jornalistas que cansaram da profissão, e tb dos que, apesar de tudo, continuam tentando (como eu).
Vou linkar, ok?
beijos

G.Z.S.M. disse...

O Dany é muito figura mesmo, hehehe

Acho que o mais difícil num relacionamento é essa capacidade de doação. Tem que ter um equilíbrio entre a doação do que o outro quer, com seus limites de tolerância. Mas acima disso, quando o momento for determinado de sacrifício, tem que ser real. Esse negócio da vingança depois, não funciona bem e tem uma energia meio negativa.
My call !
beijoca.