quarta-feira, janeiro 11, 2006

Sobre os judeus

Há muito tempo, eu vi um episódio do Seinfeld em que um cara, depois de ter se convertido ao judaísmo, se sentia muito à vontade para contar piadas de judeu. Se ele já fazia parte do povo, tinha todo o direito. Assim, eu agora também me dou o direito de falar sobre os judeus. Até porque eu já nasci uma. Então, vamos lá. Vou falar das manias judaicas mais curiosas.

Isso já aconteceu uma centena de vezes: estou passeando com o meu namorado e encontro um judeu conhecido. Depois de um tempo, ele me pergunta de onde conheço a tal pessoa. A resposta quase sempre é “ah, sei lá, como eu vou te explicar? Ele é judeu...”.

Sempre que aparece algum judeu famoso, nós, judeus, nos cutucamos e comentamos com quem está do lado: “esse cara é judeu!”. Não à toa, há uma pá de livros espalhados pelo mundo com títulos como “Os 100 judeus mais famosos da História”. Tem um na estante da casa da minha irmã.

Só os judeus vão ao delírio em certas cenas de filmes do Woody Allen. Eu, por exemplo, adoro o bar-mitzva temático de “Desconstruindo Harry”. Venho descobrindo, quanto mais amigos que não são judeus aparecem na minha vida, que tem muita gente por aí que não curte tanto Woody Allen. E eu nem sabia disso.

Quando alguém da comunidade aparece com namorado ou namorada novos - e essa fofoca está rolando em um grupo de judeus - sempre tem um indivíduo que pergunta: “é judeu?”. Aliás, só nós, judeus, usamos essa palavra “comunidade”.

Fazemos questão de saber nome e sobrenome quando alguém que não é judeu diz: “conheci um judeu outro dia”, ou “eu já tive uma namorada judia!”. Porque nossos sobrenomes impronunciáveis são muito mais importantes que os nossos primeiros nomes.

Adoramos falar em hebraico entre nós para que os outros não entendam. Nossos avós fazem isso em ídish. Minha avó se aproveita dessa artimanha direto.

Filmes com temática judaica em cartaz são sucesso garantido na comunidade. Não importa se são péssimos. Todo mundo vai assistir.

Eu poderia ficar o dia todo aqui lembrando dessas peculiaridades. Mas depois de tudo isso, eu só consigo pensar em uma coisa. Aliás, estou me coçando de vontade de falar desde que comecei esse texto. Sabe o Seinfeld, que eu falei lá em cima? Pois é, ele é judeu!

7 comentários:

Andy disse...

"A essência da propaganda consiste em levar às pessoas uma idéia sincera e vital que, no fim, passa a fazer parte de suas vidas de uma forma que elas nunca mais conseguem se livrar".

Acho que, adaptando, serve para explicar o texto, mas é melhor a galera depois do "sobre" não perguntar quem disse essa frase.

Anônimo disse...

Josy!
Te achei através do blog da Fadinha! Adorei o post... meu irmão namora uma judia há 5 anos, e entendi perfeitamente tudo o que você falou! Se bobear você conhece ela também! O nome dela é Debora Lam (não a atriz, é outra).
Beijos, beijos, beijos, assim que eu mexer de novo no meu blog te linko lá.

Anônimo disse...

Adorei o texto!

O Luis me explicou que sue namorado não é goy, e sim gay.

Beijos,

Anônimo disse...

Estudei em colégio católico, e não tinha nenhum judeu lá. Quando cheguei na Puc, estranhei essa panelinha. Sei lá, me sentia excluída às vezes, achando que judeu só dava estágio para judeu.
Hoje escrevo para uma revista onde quase todos meus editores são judeus - e eles dão pautas para mim! :o)
E acabei de descobrir que talvez parte da minha família seja judia. O que não faz a menor diferença, afinal :o)

aiatolaabacate disse...

bacana. todas práticas comuns. cresci ouvindo afirmações efusivas do tipo: silvio santos tem uma praça com seu nome em israel, bob marley é rastafari (e consequentemente judeu)e hollywood, bem, hollywood é dois terços.
essa emoção, por assim dizer, é mais comum em países onde judeus são menos comuns - o Brasil, por exemplo.

Anônimo disse...

Rio, 11 de março de 2006, sábado.
Josy,
Acabei de descobrir este seu blog, via pesquisa no Google. Gostei de tudo que li, do que você tem escrito. Até naquilo em que, vez em quando, não concordo.
Vou continuar frequentando o blog e, vez em quando também, fazendo comentários.
Beijo,
Seu pai

Andy disse...

Imagina se o Seinfeld fosse judeu e advogado... Que praga!