quarta-feira, setembro 15, 2004

Dersu Uzala

Meus pais se separaram quando eu tinha 5 anos. Eu não escrevo isso para explicar as conseqüências desse fato sobre esta pessoa de 25 anos, que hoje vos fala. Já basta o analista me perguntando se as causas de vários dos meus problemas atuais não estão relacionadas a isso. Eu escrevo só para contar algumas historinhas da infância.

Logo depois que eles se separaram, minhas irmãs mais velhas não curtiam muito encontrar com o meu pai nos fins de semana. Só eu levava isso adiante. Mas o meu pai era um cara de pouco mais de 30 anos e acredito que não levava muito jeito para com sua filha de apenas 5.

Não é que não levava muito jeito, ele apenas não sabia escolher muito bem os programas. E um desses programas (meu Deus, ninguém nunca vai me fazer parar de falar disso) foi me levar ao cinema. Tudo muito bem, não fosse o filme. Alguém aí já viu "Dersu Uzala"? Com 6 anos recém-completos?

Uma breve sinopse: "Dersu Uzala é um caçador que vive nas florestas da Sibéria em completa comunhão com a natureza. Certo dia conhece o capitão Arseniev, chefe russo de uma expedição cartográfica, daí nascendo uma profunda amizade, dessas que duram a vida toda." Ou seja, um filme cabeça, de 1975.

Quantas horas de filme? Duas horas e meia. A recordação mais intensa é de um homem de olhos puxados no meio do verde. Um homem de olhos puxados durante muuuuito tempo no meio de muuuuuiito verde.

O que qualquer criança normal faria? Provavelmente, se eu levasse minha sobrinha para um programa desses no melhor estilo "Cine Ricamar", ela sairia fora. Assim como o filho de uma amiga minha, que puxou a mãe pelo braço no meio de uma sessão dizendo que o filme que tinham ido ver não servia e que eles iriam embora.

Mas eu apenas assisti e disse que gostei muito, com a cara mais lavada do mundo. Eu era bem estranha. Acho que ainda sou porque continuo fazendo esse tipo de coisa até hoje. Penso que não tenho o direito de magoar as pessoas dizendo que não gostei de "Dersu Uzala". Nada que a análise não cure... Assim espero.

Nenhum comentário: