quarta-feira, setembro 15, 2004

Vícios

Tenho passado horas com um cigarro na mão. Gostaria muito de me livrar disso, mas é engraçado como a falta do que fazer me faz acender um. E quando há muitas coisas a fazer, a cena também se repete. Tudo é motivo.

Uma festa cheia de gente? Isqueiro na mão. Muitos textos a escrever? Cato o meu maço. Vi alguém que não gostaria de ver? Ai, só mais um...

A verdade é que acho que isso é muito mais psicológico do que físico. A tentativa eterna de me esconder atrás de um objeto. Um objeto qualquer. Como na pista de dança não é possível achar um vaso de plantas, lá estou eu e meu cigarro na mão. Não, definitivamente não sou viciada em nicotina. Sou viciada em me esconder.

Quando passei uns meses na Inglaterra e ainda não tinha descoberto o cigarro, meu vício consistia em ficar prendendo o meu cabelo. Roubei o prendedor de uma amiga minha e ele tinha o estranho hábito de ficar escorregando do meu cabelo. De tempos em tempos, lá estava eu com o prendedor na boca, puxando meu cabelo para trás, prendendo metade dele e puxando uns fiozinhos pra frente. Uma noite em uma pista de dança podia ser o equivalente a umas 30 repetições desse ritual.

Só me toquei disso quando, no meio de uma bebedeira, resolvemos brincar de câmera de vídeo. A gente fingia que tinha uma câmera na mão e filmava uns aos outros. Um cara, que eu resolvi filmar, conseguiu repetir com perfeição aquele meu hábito. E depois riu pra mim. Fui desmascarada por um quase-estranho.

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